"O Risco do Arquitecto é um título propositadamente ambíguo, com dois sentidos: de um lado, revelar e dar a conhecer o enquadramento profissional do arquitecto, o modo como “risca”, o desígnio e os propósitos; e do outro, salientar para o “risco” que corre aquele desígnio, enquanto destino e propósito de futuro. A partir da génese da profissão e das suas organizações, o autor discorre sobre a formação em arquitectura e o exercício profissional. Como última profissão humanista e operativa, a Arquitectura sofreu no passado próximo uma modificação profunda, social e científica: actualmente, é exercida por mais de 21 000 arquitectos. A política profissional tem defendido a manutenção do território de actuação em vez de promover a sua ampliação. A uma preocupação legítima da falta de exclusividade na responsabilidade, quanto ao projecto de arquitectura, não se tem associado a preocupação de alargar o território de actividade, de criar a diversidade que contribui para a garantia da autonomia profissional."
O final de ano que agora termina ficou-nos marcado pela perda do Vasco Massapina, colega da Direcção da Associação dos Urbanistas Portugueses (AUP). Autor deste livro, do qual citámos o parágrafo anterior, com ele pude confirmar as principais inquietações da nossa profissão. O Vasco era de uma geração mais experiente, "batido" em tudo o que diz respeito à arquitectura e ao urbanismo: na prática, na teoria, na docência, na defesa do património, no conselho superior de obras públicas, no seu atelier "cidade aberta", nas associações profissionais... Mas partilhava contudo as minhas jovens intuições sobre estas disciplinas, na altura bem menos consolidadas, em particular as suas diferenças conceptuais e metodológicas, entre a arquitectura e o urbanismo, e quanto o arquitecto de "formação base" poderia ganhar em alargar a sua esfera de actividades. Isso sempre me deixou tranquilo, que o que pensava não era novo, havia quem o defendesse com maior experiência de vida, já há bastantes anos. O tempo dá-nos razão - fica certamente essa satisfação! No âmbito da AUP, em breve lhe faremos a devida homenagem, a uma pessoa que marcou pessoalmente cada um que teve a alegria de o conhecer.
Em 2012, conseguimos acertar o passo com a edição destes nano-artigos: em vez de somente 8 (em 2011), publicámos 16 CASU's, os tais 4 em cada número, acrescidos dos respectivos editoriais, por época do ano. Neste Outono com uma recolha de coisas que escrevemos também há bastantes anos. Um texto para uma obra do Arqt.º Sandro Lopes em Caminha, um artigo sobre o ensino do urbanismo (ambos de 2005), o excerto de uma comunicação a uma conferência (2003) e uma "carta aberta ao jovem arquitecto" (2001). Passada mais de uma década, por curiosidade, o André de ontem pode ser hoje o Director dessa mesma revista (JA), ou o aluno que tive o ano passado em Coimbra, ou qualquer outro jovem que se forme em Arquitectura nos próximos anos. Boas leituras e um excelente 2013.
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