terça-feira, 28 de agosto de 2012

5.2 - O Espaço Pedonal na requalificação da cidade de Lisboa

por Branca Gameiro Neves *

A partir de uma análise conceptual do que é o Espaço Público Pedonal e das suas diversas componentes, pretende-se verificar de que modo é que a mobilidade pedonal e a existência de espaços e percursos pedonais de qualidade contribuem para a revitalização e qualificação da cidade, neste caso de Lisboa.
O âmbito do estudo revê-se num conjunto de três projectos de que a autora foi projectista ou coordenadora, que curiosamente se inscrevem nos três tipos de espaços públicos mais dominantes em Lisboa – o Terreiro / Praça, o Largo e a Rua, respectivamente o Terreiro do Paço, o Largo de S. Domingos, e as ruas do núcleo Histórico de Carnide. Destas três intervenções, a primeira não compreende uma intervenção física mas antes um programa de dinamização sócio/cultural, que é uma componente de extrema importância no potenciar da qualificação do espaço público pedonal.
Conclui-se que a requalificação urbana tem na intervenção no seu espaço público pedonal um “aliado”, que pode e deve contribuir para a qualidade de vida de todos os cidadãos, para o que é necessário que essas intervenções tenham em linha de conta a memória do local, o seu uso, a sua forma material e imaterial, as suas vivências e a sua envolvente construída, assim como as suas interligações com os espaços contíguos.
Perante novas formas de habitar, e novas formas de pensar a cidade, que os habitantes cada vez mais exigem, é necessário que os espaços públicos sejam atractivos, despertem novos modos de interacção e participação colectiva, e surpreendam os seus utilizadores proporcionando-lhes actividades diferentes e sensações de bem-estar.
Esse bem-estar, associado à noção de segurança, conforto e comodidade do mobiliário urbano, à iluminação e ao tipo de pavimentação, à qualidade estética e à manutenção do próprio espaço público, permite uma boa e cada vez maior sociabilização (tão importante num quadro de quase desagregação de valores e de relações interpessoais) e uma vivência saudável que é imprescindível para que os cidadãos se sintam bem e felizes.

* Arquitecta.
Câmara Municipal de Lisboa

** Desenho de Manuel Costa Lobo

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

5.3 - "Aprender com os erros" - os modelos urbanísticos dos bairros de habitação social no pós 25 de Abril

por Ricardo Sousa Lopes *

Na sequência do desenvolvimento da investigação “A concepção do espaço público em bairros de realojamento como pressuposto estruturador dos processos de inserção social”, este trabalho justapõe os modelos urbanísticos dos bairros à forma como a população os apropria, daí procurando extrair dados concretos relativamente ao real desempenho das soluções em causa. A leitura da forma de apropriação do bairro pelos seus utilizadores faz-se segundo duas dimensões, nomeadamente a partir de observações no local e através de uma análise sócio-urbanística, sustentada por entrevistas aos moradores.
Pretende-se apresentar uma contribuição para a elaboração de novos projectos de arquitectura e urbanismo na área da habitação social, introduzindo no processo uma ponderação conscienciosa e objectiva das questões sociais. O trabalho poderá igualmente lançar pistas relativamente à melhor forma de requalificar os bairros de realojamento, sobretudo os mais problemáticos. Na Área Metropolitana de Lisboa foram estudados os seguintes bairros: Padre Cruz, Quinta do Charquinho, Casal dos Machados, Condado, Quinta da Fonte, Amarelo, Bela Vista (foto) e Manteigadas. E na Área Metropolitana do Porto: Aleixo, Lagarteiro e Dr. Durão Barroso.
A palavra-chave que emergiu como definição do conceito que deverá nortear a abordagem urbanística e arquitectónica à problemática da habitação social é a“integração”. Foram identificadas várias questões que influenciam de forma significativa os níveis de integração dos bairros, relativamente ao seu contexto. Dessas questões, relevamos a localização e a dimensão como factores potencialmente decisivos no grau de integração dos bairros: uma má localização é altamente determinista, embora nalguns casos possa ser contornada através da construção de bons acessos e do alargamento da rede de transportes públicos; e por seu lado a dimensão tem a capacidade de ampliar ou reduzir o que é positivo, mas também o que é negativo.
Resulta assim a ideia de que é possível diluir muitos dos problemas associados à habitação social, através da decomposição do seu volume, disseminando-o pelas cidades, sob a forma de pequenos bairros, edifícios ou, em último caso, de fogos integrados noutros edifícios, a construir ou a reabilitar. É precisamente nesse sentido que apontam as mais recentes políticas europeias nesta matéria. No fundo, está em causa uma alteração de paradigma, tendencialmente deixamos de ter “bairros de realojamento” e passamos a ter “edifícios de realojamento”. Tal transformação permite encarar a habitação social como peça integrante de uma cidade contínua, afastando o conceito de bairro social fechado sobre ele próprio.

* Sousa Lopes Arquitectos

terça-feira, 21 de agosto de 2012

5.4 - Exploring metropolitan governance

por Rui Florentino

This paper explores the relation between the main issues to improve a metropolitan governance model, regarding the institutional context and the planning practices. In particular, it explains the relevance and implementation of processes that respond to the running governance challenges in capital regions. To find arguments and justify some possible innovations, even if they are unique, twelve variables are qualitatively measured, through a comparative case study methodology, concerning the regions of Lisbon, Madrid, Barcelona and Paris. In fact, the Portuguese capital does not seem to have a remarkable experience on the metropolitan governance, but how is it facing those challenges? What are the main differences in his currently governance and planning processes, when compared with the closer European cases?
The research concludes that there is a tendency to balance between the variables of a metropolitan governance system, which does not prevent different paths to register: for example the Paris region has developed good initiatives in “technical processes”, which then require adjustments in the context, while Madrid had in recent years less activity, in result of his institutional stability. The Lisbon region stays in an “intermediate position”, with a dynamic evolution that is difficult to predict. But according to that argument, it’s possible to admit that his processes can gradually lead to small improvements in this governance system, with his own path, implementing actions that must respect, in particular, the geography of the territory.