A Arquitectura e a Paisagem reúnem-se por
valores sociais, culturais, económicos e ambientais. Desde diferentes métodos e
instrumentos, elas partilham a mesma vocação criativa que nos é inerente, de
planeamento e construção. A partir das cidades e dos territórios que herdámos e
deixamos às futuras gerações, constituem um património de civilização.
Perante os vários problemas que
enfrentamos, administrativos, de qualificação, de participação e de legislação,
a arquitectura e a paisagem sabem resolver desafios, de qualidade e bem-estar,
cívicos, energ
éticos,
normativos e de sustentabilidade. A definição de uma “Política Nacional de
Arquitetura e Paisagem” (PNAP) começou a ser proposta há já mais de dez anos,
atrav
és de um trabalho
coletivo em que muitos colegas se empenharam, aprovado num Conselho de
Ministros do Verão de 2015.
Nesse diploma foi constituída a
Comissão de Acompanhamento da PNAP, formada por quatro entidades: a
Direcção-Geral do Território, que preside, a Direcção-Geral do Património
Cultural, a Ordem dos Arquitectos e a Associação Portuguesa dos Arquitectos
Paisagistas. Quase tr
ês anos
depois, estão finalmente reunidas as condições para iniciar a sua
implementação, marcada pela impressã
o e distribuição da PNAP a todos os municípios do país, na sequ
ência da 1.ª
Conferência
de Arquitectura e Paisagem, que decorreu em Março no auditório da Comissã
o de Coordenação e Desenvolvimento
Regional do Norte.
Com base nos princípios e objectivos
da PNAP, consideram-se, numa primeira fase, duas grandes áreas de trabalho: por
um lado o ordenamento e a gestão do território e, por outro, a promoção da
educação e da cultura em arquitectura e paisagem. Para
então se incluir o desenvolvimento
profissional e a internacionalizaçã
o.
No caso da melhoria do ordenamento e
da gestão do territó
rio, há
uma clara ligação da PNAP
à alteração
em curso do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (o PNPOT),
onde ganham preponderância a arquitectura e o urbanismo. A proposta de Programa
de Acção considera oito medidas que vão ao encontro dos objectivos da PNAP,
como valorizar o território atrav
és
da paisagem e da arquitectura, fortalecer as articulações rurais-urbanas e os
sistemas urbanos, reabilitar o espaço público e qualificar o ambiente urbano e
gerir, conservar e valorizar o património cultural. Para o
êxito destas medidas é necessário o
complemento de boas práticas ao nível local, onde as regiões e os municípios são
actores fundamentais para a aplicação dessas propostas.
Nesse sentido, parece-nos necessário
rever o conteúdo dos Instrumentos de Gestão Territorial, em especial no que se
refere aos Planos Municipais de Ordenamento do Território, reforçando que o
ordenamento do espaço humanizado consegue-se através da arquitectura e do
desenho urbano integrado, acautelando as qualificações dos técnicos que
participam nos projectos, bem como a elevação dos graus de exigência, para
garantir o direito dos cidadãos a um ambiente que lhes proporcione qualidade de
vida.
A outra grande área de trabalho passa
pelo objectivo de consciencializar a nossa sociedade para a importância da
arquitectura na organização do espaço, com particular incid
ência nas próximas gerações. Presenciámos
recentemente essa falta de consci
ência,
de que o territó
rio é tamb
ém vítima, com a inerente desqualificação
social e económica, tanto na cidade como no meio rural. Pelo que igualmente
aqui
é fundamental a
mobilização de todos os parceiros da arquitectura no caminho que devemos
percorrer.
A parceria da Ordem dos Arquitectos
com a TSF
é só o primeiro
momento desta estrat
égia, que
conduzirá a novas acções, com as escolas e a sociedade civil, porque o país
precisa da PNAP. A Ordem nã
o desiste
e continuará a perseguir os seus fins, ao lado da administração pública,
pela promoção da cultura arquitectónica, pela valorização do património, pela
reabilitação urbana, pela educação e qualificação do territó
rio.
*
artigo do editor deste blog, publicado na edição em papel dos números 255 e 256 do JA - Jornal Arquitectos da Ordem dos Arquitectos, Maio de 2018. Fotografia: Museu do Vinho na Vila da Madalena, Ilha do Pico, Arqt.º Paulo Gouveia.