domingo, 22 de março de 2015

13.3 - Comunidades saudáveis: um velho e novo conceito para o urbanismo


por José Baganha* e Rui Florentino


No decorrer das últimas décadas, registou-se uma grande evolução nos indicadores de saúde, fruto do desenvolvimento económico e da qualificação dos recursos humanos, bem como do investimento em equipamentos e tecnologias de saúde. No entanto, existem também hoje mais exigências, em especial perante doenças que decorrem da maior concentração e do aumento da população urbana, justificando o estudo da relação entre urbanismo e saúde pública.
O conceito de comunidades saudáveis encontra raízes na construção das primeiras cidades-jardim, que procuraram a criação de um ambiente urbano reformador da sociedade industrial de início do séc. XX. Recentemente, a leitura do “estado da arte” demonstra que o conceito de desenvolvimento sustentável colocou importantes desafios para as cidades, onde vive mais de metade da população mundial, sendo hoje consensual que a progressiva urbanização do território resultou em impactes significativos para a saúde da população. Contudo, as boas práticas identificadas, já em curso em alguns países, trazem um sinal de esperança e prova de que, apesar do crescimento das grandes áreas urbanas, existem modelos adequados à melhoria do ambiente e da saúde pública.
No contexto europeu, os exemplos recentes, que revelaram essa possibilidade de criação de ambientes urbanos saudáveis e a consequente melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, têm sido reconhecidos por organizações como a Prince’s Foundation for Building Community, a Fondation Philippe Rotthier pour l’Architecture ou o Council for European Urbanism, entre outras, constituindo alguns dos casos mais notáveis a regeneração urbana promovida pelo município de Plessis Robinson, na periferia de Paris, ou New Poundbury, em Dorchester, no sul do Reino Unido. Neste artigo apresentam-se estes 2 casos e procura-se aplicar o conceito de comunidades saudáveis, a partir do urbanismo, também com base nas actividades da Rede Internacional de Construção, Arquitectura e Urbanismo Tradicionais, um pouco por todo o mundo, enquanto projecto que a Associação INTBAU Portugal pretende desenvolver nos próximos anos.


* Presidente da Direcção da INTBAU Portugal

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