domingo, 14 de dezembro de 2014

CASU 12 - Outono de 2014


Conforme indicado na última edição dos CASU, este número 12 é dedicado ao XVI Congresso Ibero-americano de Urbanismo, que a AUP organizou com o apoio da Câmara Municipal de Sintra. Nos primeiros dias de Outubro reuniram-se no Centro Cultural Olga Cadaval e em duas salas do contíguo Museu das Artes mais de duas centenas de profissionais, provenientes de quase todos os países ibero-americanos, para discutirem os 4 quatro tópicos do encontro, sob o tema geral: Sociedade e Território - novos desafios.
A sessão de abertura contou com a intervenção do Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Eng.º Jorge Moreira da Silva, antecedente da excelente conferência inaugural, proferida pelo Prof. Sidónio Pardal, que presidiu à Comissão Científica do Congresso. Dando o mote para os trabalhos, foram de seguida lembradas as personalidades de Eduardo García de Enterría e Manuel da Costa Lobo, que tanto influenciaram a formação das disciplinas de urbanismo e planeamento, desde a transição política para a democracia, em Espanha e Portugal.
O programa foi organizado em 3 conferências plenárias e 10 sessões paralelas onde se apresentaram cerca de 80 comunicações. A primeira conferência plenária teve a participação do Prof. Sílvio Macedo, que versou sobre a ocupação da orla brasileira, tendo como referência o projecto Orla, da Prof.ª Ingrid Roche, sobre o ordenamento do litoral sur-este uruguayo, com o resumo aqui incluído (12.4), e do Eng.º Rodrigo Sarmento Beires, relativa ao cerne das dinâmicas de gestão e valorização dos espaços rústicos - a propriedade e a exploração agro-florestal.
A segunda conferência plenária contou com a intervenção dos arquitectos Desiree Martinez e Álvaro Gómez-Ferrer, com os títulos de, respectivamente: "Paisajes urbano multifuncionales, un caminho hacia el nuevo paradigma urbano" e "Património y Paisaje - un encuentro privilegiado, una oportunidad potenciadora". Em complemento, o Prof. Mário Moutinho apresentou uma comunicação sobre o ensino e a prática profissional do urbanismo em Portugal e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Já no terceiro dia, a terceira conferência plenária teve a participação de Eduardo Rojas, sobre a conservação do património como um instrumento para o desenvolvimento urbano, e de Tiago Trigueiros, que apresentou o planos para o ordenamento do litoral de Sintra, com moderação de Ismael Fernández, presidente do Hábitat Professionals Fórum, que agrega várias associações internacionais nas áreas da Arquitectura, do Urbanismo e da Paisagem.
Houve também oportunidade para se assistir a uma mesa redonda sobre "cidades e sítios património mundial", dirigida pelo Presidente da Câmara Municipal de Sintra, Dr. Basílio Horta, e a uma sessão especial dedicada ao ensino do urbanismo, que tive o prazer de moderar e onde participaram colegas de vários cursos, que em Portugal formam os possíveis futuros urbanistas. Por último, foi definida a localização da 17ª edição, que se propõem organizar os urbanistas peruanos, em Lima.
Para além da comunicação relativa ao sub-tema 1, Ordenamento do Litoral, completamos este número dos CASU com um exemplo de cada um dos outros 3 sub-temas do Congresso. O Presidente da Associação Espanhola de Técnicos Urbanistas, Dr. Sebastià Grau, apresentou uma comunicação sobre o Parque Natural de Collserola, em Barcelona, versando o sub-tema 2 (Valorização dos Espaços Agrícolas e Florestais), e as Arquitectas Ana Baptista e Rita Monfort apresentaram trabalhos de investigação nos âmbitos dos sub-temas 3 e 4 (Património e Paisagem e Conceitos Inovadores para o Urbanismo), respectivamente "Aldeia sem Sociedade" e "Pequeñas actuaciones para un urbanismo flexible e sostenible".
Boas leituras, um Feliz Natal e próspero 2015!

12.1 - Aldeia sem Sociedade


por Ana Baptista *


No âmbito do trabalho a ser desenvolvido para tese de doutoramento na Universidade de Sevilha, em cooperação com a Escola Universitária das Artes de Coimbra, com o título “O caso das aldeias serranas – importância e limites destas unidades sociais e patrimoniais na sustentabilidade do território”, pretende-se apresentar neste Congresso uma reflexão teórica sob o tema: Aldeia sem sociedade.
As transformações verificadas nos meios rurais, que enquadradas no ambiente europeu foram em Portugal bastante tardias, bem como a crise que os atravessa, a perda das suas actividades agrícolas, o despovoamento e os desafios que enfrentam configuram um cenário de mudança identitária desses lugares.
Perante este facto, pretende-se reflectir sobre o que tem sido a “descoberta” (recente) deste património edificado. Como caso de estudo são analisadas as Aldeias de Xisto, assim designadas administrativamente, situadas na região centro (Beira), como possível instrumento, recurso de sustentabilidade e motor para o desenvolvimento destas áreas.
Assumindo que a valorização dos lugares e da sua memória, a potencialização de recursos, de culturas e actividades, assim como a divulgação de espaços esquecidos, cuja marca perdura no território, poderá ser uma forma de acção em contextos sócio – económicos deprimidos, particularmente em comunidades rurais fragilizadas, fortemente despovoadas e com dificuldades de afirmação como estas, a questão que se coloca é a de saber até que ponto (em alguns casos), este património tem vindo a ganhar uma dimensão retórica, folclórica e muitas vezes encenada, a pretexto de uma estratégia de desenvolvimento e promoção local, promovendo muitas vezes símbolos de singularidade, (de uma sociedade que lhes deu origem, mas que seguramente já não existe) utilizando-os apenas como atracções paisagísticas, gastronómicas ou arquitectónicas.
 
 
* Arquitecta.
 

12.2 - Los espacios naturales protegidos y las actividades produtivas en su territorio. El caso del Parque Natural de Collserola, Área Metropolitana de Barcelona


por Marià Marti * y Sebastià Grau **


El Parque Natural de la Sierra de Collserola, con sus 83 Km 2 (8.300 ha.) de espacio natural protegido es el proyecto metropolitano de mayor envergadura territorial. Fue creado en  el año 1987 y en la actualidad el 36% de su superficie es propiedad pública.
Su gestión viable implica la participación de otros actores además de la administración, por ello es necesario incluir la iniciativa privada  para lograr una gestión compartida. Es primordial la  introducción de elementos de economía productiva en el territorio, sin que dañen o comprometan los valores ambientales. En este sentido se ha aprobado un Plan Agropecuario para fomentar las actividades agrícolas, ganaderas y forestales.
Más allá de estas actividades, que adquieren una dimensión esencial, las actividades de ocio, actividades turísticas, de investigación, de integración social, etc., pueden ser una alternativa idónea para la gestión y el control del territorio.
El patrimonio construido, que por falta de uso sufre un grave deterioro con el paso del tiempo, puede revertir esa situación, adaptándolo para uso residencial y, acogiendo nuevas actividades como es la hotelera de tipo “casa rural”, muy integrada con el medio, con la consiguiente obligación de gestionar el entorno territorial, obligando a actuar sobre el bosque y a producir agricultura.
Otra dimensión que puede encajar muy bien en un espacio natural periurbano es el emplazamiento de centros de educación, investigación, geriátricos, de acogida de colectivos en riesgo de exclusión, de rehabilitación, de inserción, de trabajo especial, etc., que además pueden realizar actividades sobre el territorio, lo cual significa cuidado y gestión.
Con todas estas actividades que generan empleo y riqueza, se produce un efecto inducido que es la gestión compartida del territorio por parte de los propios agentes privados/públicos insertados en él. Aunque no produce un aporte financiero directo al órgano gestor, si reduce la gestión que debería recaer sobre el organismo público que tutela el espacio, algo totalmente inasumible, y por lo tanto, el mantenimiento de ese espacio natural de uso público, resulta más viable y menos gravoso.


* Parque Natural de Collserola
** Área Metropolitana de Barcelona

12.3 - Pequeñas actuaciones para un urbanismo flexible y sostenible

 
por Rita Monfort Salvador *


Las ciudades se deben adaptar a las nuevas necesidades de sus habitantes, cambiar usos y modificar su espacio público, siendo lo más lo más sostenibles posible,  para cumplir con su cometido: el acoger a los ciudadanos y ser su hogar. Pero que deban cambiar no significa que tengan que renovarse por completo. En la mayoría de ocasiones solo se necesitan pequeños cambios, que respeten la ciudad y sus barrios, y, sobre todo, que respeten la cultura de sus ciudadanos, sus espacios, sus costumbres, su contexto.
Este estudio forma parte de uno más amplio sobre la transformación de barrios consolidados en más sostenibles, en el que también se estudiaron los indicadores necesarios. Uno de los objetivos fue obtener una serie de actuaciones sensibles con el barrio y sus ciudadanos, fáciles de implantar y que mejoren la calidad de vida de los ciudadanos, a la vez que ayudan a cumplir el objetivo de transformar el barrio hacia la sostenibilidad.
En la metodología de trabajo se han estudiado barrios consolidados de las ciudades españolas (escala donde se pueden implantar actuaciones sin necesidad de hacerlo en toda la ciudad). Se estudiaron los principales problemas, oportunidades y posibles mejoras que tienen estos barrios.
Se obtuvieron y desarrollaron 14 actuaciones fáciles de implantar,  respetuosas con el barrio y económicas. Estas actuaciones pretenden ser un listado de progresos a realizar en los barrios con el fin de que puedan ser lo más consecuentes posible con el significado global de sostenibilidad, pero también con el fin de mejorar la vida de las personas que viven en las ciudades. Son 14 actuaciones reales para llevar a cabo fácilmente, que actúan en respuesta a los problemas y carencias de cada barrio consolidado, y una base a tener en cuenta a la hora de proyectar un barrio de nueva planta.
Por último, se ejecutaron una serie de tablas en las que se recogía a que problemas, mejoras u oportunidades afectaban las actuaciones. También se recogía que indicadores modificaban positivamente cada una de las actuaciones.

 
* Arquitecta. Ciudad Observatorio.

12.4 - La ordenación del litoral sur-este uruguayo

por Ingrid Roche *


El propósito de este artículo es exponer a miradas conceptualmente críticas, los criterios, directrices y el instrumental contemporáneo y en gestación, para ordenar y proyectar el territorio litoral Sureste asomado al Río de la Plata y Océano Atlántico. El objetivo: analizar la congruencia de la legislación y políticas territoriales recientes, con la preservación y valorización para las generaciones futuras, de sus atributos naturales y los paisajes culturales creados, en el sentido de equilibrar los intereses de pobladores locales, visitantes y del conjunto social.
Las áreas y asentamientos costeros del Sureste del territorio uruguayo, por sus atractivos geo-históricos y singularidades, han concentrado desde su reconocimiento como país la mitad de su escasa población , hoy cercana a 3 millones y medio de habitantes. Resulta interesante comprender que su vocación turística receptora fue entrevista y promovida oficialmente desde muy temprano del siglo XX, en modalidades incluyentes de los grupos sociales de ingresos medios de las urbes rioplatenses. Actualmente los visitantes no residentes (de vacaciones y otros tipos de estadías), llegan en números fluctuantes al millón anual, muchos extranjeros especialmente regionales, invierten en el país en propiedades y servicios al sector turístico y empieza a ser significativa la radicación en forma estable de sus familias. Se ha acuñado el concepto de que la costa sur uruguaya tiende a constituirse en sector de residencia privilegiado del Cono sur.
Los diversos tramos de este litoral costero son apreciados por sus playas de arena muy fina, puntas rocosas de alto valor paisajístico, abundantes cursos de agua y la valoración que históricamente le han otorgado sus habitantes estables y ocasionales, creando paisajes culturales singulares. Contradictoriamente poseen alto potencial de modificación en futuro cercano, dado que alternan: áreas densamente urbanizadas, en Montevideo y Punta del Este, suburbanizadas u ocupadas en muy baja intensidad en fraccionamientos de barrios jardín, extensos tramos en estado de baja antropización por inaccesibilidad, ecosistemas lagunares u otras características naturales y ocupación rural, con variados valores de identidad morfológica y vulnerabilidades. Las tendencias a su ocupación residencial-turística y por instalaciones logísticas se están intensificando, las experiencias internacionales a ser recogidas críticamente indican, que es recomendable potenciar las características diferenciales, alternando áreas rústicas en producción y/o ambientalmente protegidas, adoptando políticas que impidan la urbanización continua y la masificación en la explotación de  recursos escasos.  Se plantea exponer algunos casos de aplicación de la recientemente aprobada legislación de Ordenamiento Territorial y Desarrollo Sustentable, su normativa y efectivización, el desarrollo de planes y diversos instrumentos, que por su novedad permiten entrever posibilidades de potenciar valores paisajísticos e identidades, y promover aportes.


* Profesora del Instituto de Teoría de la Arquitectura y Urbanismo (ITU), Facultad de Arquitectura, UDELAR, Uruguay.