sexta-feira, 31 de julho de 2015

CASU 14 - Primavera / Verão de 2015


No último dia antes de férias, publica-se mais uma edição dos CASU's, a décima quarta, número que junta pela primeira vez duas estações, fechando talvez um ciclo. São 7 dezenas de mini-artigos que se encontram agrupados nos 4 temas habituais: Arquitectura, Espaço Público, Urbanismo e Ordenamento do Território. A orientação académica que desde o início marcou este blog será talvez ainda mais aprofundada a partir de Setembro, com outra perspectiva e continuidade.

Neste número estão os resumos de três dissertações de Mestrado concluídas recentemente na Escola Superior Gallaecia, de Jorge Martins e Rubén Alves Misa, em que participei enquanto membro do júri, e de Roberto Pérez Boga, que tive o prazer de orientar, na sua etapa final. Completa-se a edição com mais um resumo de um artigo publicado em revista científica na sequência da minha tese de doutoramento, agora em português e em co-autoria com o Prof. José Miguel Fernández Guell, seu orientador na Universidade Politécnica de Madrid.

Mas neste editorial aproveito a oportunidade para destacar, com esta imagem, uma acção de cidadania dos nossos colegas Alexandre Gamelas e Catarina Santos, pela valorização das "barracas do Bolhão", agora que a reabilitação do Mercado parece finalmente avançar. Trata-se de uma iniciativa do blog Old Portuguese Stuff, que a INTBAU Portugal partilha, dando-lhe um carácter ainda mais internacional, que já teve repercussão por exemplo no site Architecture Here and There: http://architecturehereandthere.com/2015/07/29/save-bolhao-market-porto-portugal/

A preservação dos valores clássicos e populares que mostram estes pequenos pavilhões interiores do Mercado poderá ser incluída no projecto apresentado pela Câmara Municipal do Porto, mantendo-se assim o seu carácter singular, de um património arquitectónico que herdámos e devemos valorizar. A petição é pois somente uma forma de abrir um debate útil para a sociedade e a cultura arquitectónica em Portugal.
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT77853


terça-feira, 28 de julho de 2015

14.1 - Arquitetura Religiosa: a adequação da solução arquitetónica atual ao rito litúrgico

por Jorge Martins *


Em 1962, o papa Pio IX convocou o vigésimo primeiro concílio da Igreja Católica, denominado como Concílio Vaticano II. No essencial, este concílio visava uma modernização da Igreja através da reintrodução de aspetos litúrgicos, que se tinham perdido ao longo dos tempos. O eixo principal desta reforma é a centralidade da eucaristia e a participação ativa do povo e, como forma de operacionalizar estas alterações litúrgicas, são produzidos vários documentos, concretamente na abordagem arquitetónica, é publicada a Constituição Sacrosanctum Concilium, sendo este o documento que rege, coordena e orienta a nova conceção de espaço sacro.
Neste sentido, esta pesquisa abordou dois pontos (objetivos): identificar os princípios espaciais implícitos na Constituição Sacrosanctum Concilium e quais os reflexos práticos que as mesmas produziram na conceção do novo espaço religioso; observar a adequabilidade da arquitetura religiosa atual, produzida no Alto Minho, tendo em conta o ritual e simbolismo litúrgico. A metodologia utilizada foi do tipo de investigação do método de estudos de caso (multicaso), baseado na natureza comparativa de três igrejas posteriores ao referido concílio, onde o tratamento da informação recolhida é de origem qualitativa. Os estudos de caso foram selecionados tendo em consideração os seguintes critérios de seleção: territorial; temporal; cultural e autoria.
Desta forma, os espaços religiosos selecionados que contêm as características pré-definidas foram: Capela de Moledo – Caminha; a Igreja da Sagrada Família – Viana do Castelo; a Igreja Nova da Correlhã – Ponte de Lima. A triangulação entre a análise documental, as entrevistas e a observação recolhidas para cada caso permitiu a abordagem interpretativa de toda a informação colhida, correlacionando os resultados da análise comparativa com a fundamentação teórica.
Assim, esta pesquisa indica a tendência de que a arquitetura religiosa atual não cumpre na íntegra as normas constantes nos documentos eclesiásticos, ainda assim, a nova conceção do espaço religioso salvaguarda as normas primordiais que fomentam a participação ativa, sendo esta a grande aspiração da revigorada liturgia. Desta forma, a centralidade do presbitério, o despojamento ornamental no interior e a comodidade física e sensorial dos fiéis evidenciam-se como os pilares sobre os quais fica expressa a funcionalidade do templo atual.


* Mestre em Arquitectura e Urbanismo pela Escola Superior Gallaecia (2015). Resumo da sua Dissertação de Mestrado, sob a orientação da Professora Mónica Alcindor.

Ilustração de http://oblogdocalo.blogspot.com. Pormenor da Igreja da Correlhã, Ponte de Lima, obra do Arquitecto Luís Teles.

14.2 - A problemática das medianeiras. Rehabilitación urbana no entorno da Colexiata da Peregrina


por Roberto Pérez Boga *
 
A preocupação com as ruturas que as paredes das empenas provocam na paisagem urbana é o ponto de partida para a presente dissertação. Estas ruturas urbanas, que nalguns casos estão tão banalizadas que quase se podem considerar como algo de normal, começaram no entanto a constituir um problema pelo seu impacte na imagem da cidade, em muitas situações de difícil ou complicada resolução.
Neste trabalho procura-se investigar as causas para o aparecimento das empenas no âmbito do modelo clássico de urbanização compacta e como em diferentes cidades espanholas procuram resolver esta problemática, integrando essas ruturas urbanas na paisagem (cena) urbana. O objetivo último é apresentar uma possível resposta para o caso concreto da envolvente imediata da “Colexiata da Peregrina”, em Pontevedra, voltando a oferecer-lhe o protagonismo perdido na década de 60, após a construção das empenas dos edifícios da rua Daniel de la Sota.
Para desenvolver a investigação realiza-se um estudo multi-casos escolhendo quatro cidades espanholas, onde se analisam exemplos de empenas e da sua integração na paisagem urbana, desde casos pontuais até atuações a nível global de toda a cidade. Utiliza-se como critério de seleção uma análise qualitativa, tendo como instrumentos a análise documental, a fotografia, a observação e o levantamento arquitetónico no local.
Desta análise das empenas e das ruturas que provocam na paisagem urbana extraem-se uma série de conclusões, revelando que na maioria dos casos os problemas podem resolver-se, ou melhor dito minimizar-se, com uma normativa específica; mas nalguns casos singulares, como na envolvente da Igreja da Peregrina, é preciso a realização de atuações pontuais, através de projetos de reabilitação da imagem urbana. De igual modo, entende-se que se deve evitar o aparecimento de novas empenas consolidadas na cidade, atuando progressivamente sobre as empenas existentes, que constituem já um problema urbano.
Depois da realização desta investigação sobre a problemática das empenas, decide-se abordar o caso concreto da “Colexiata” da Peregrina no centro de Pontevedra, para o que se propõe um projeto de reabilitação urbana, no interior de um quarteirão, visando resolver o problema das empenas criadas com as traseiras dos edifícios dos anos 60. O projeto reflete a imagem de um "órgão de luz", realizado com elementos verticais que servem de cenário de fundo para a Igreja.
 
* Mestre em Arquitectura e Urbanismo pela Escola Superior Gallaecia (2015). Resumo da sua Dissertação de Mestrado, sob a orientação do Professor Rui Florentino.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

14.3 - Vigo: Procesos de degradación y revitalización en el centro histórico

por Rubén Alves Misa *


A lo largo del siglo XX, han aparecido diversos procesos – globalmente- en relación a la rehabilitación de centros históricos, los cuales, a su vez, han producido determinados fenómenos relevantes en cuanto al funcionamiento socio-espacial, especialmente cuando se trata de áreas inmobiliariamente sensibles. Se trata de estrategias fundamentadas en abundante producción teórica, relativa a la revitalización de estos espacios.
En el caso de la ciudad de Vigo, el centro histórico es un conjunto de significativa carga histórica y con un elevado valor como espacio representativo de la ciudad, configurando uno de los núcleos centrales de la misma.
Desde inicios del siglo XX, el crecimiento urbano ha producido alteraciones en la morfología urbana del Casco Vello de Vigo, generando una percepción despreciativa de su envolvente, complementada por la crecente degradación socio-espacial. Posteriormente, entre finales del siglo XX e inicios del siglo XXI, se ha incrementado la preocupación por la conservación del conjunto histórico, debido al elevado estado de degradación y abandono.
Aparecen así, una serie de principios de intervención para la rehabilitación y revitalización del centro histórico, en las cuales algunos autores, han identificado el avance de problemáticas propias de la gentrificación.
Durante este trabajo, se pretende analizar de forma evolutiva, el desarrollo socio-espacial del Casco Vello de Vigo, con el objetivo de obtener datos, tanto a nivel cualitativo como cuantitativo, capaces de encuadrar los efectos de las acciones de rehabilitación y revitalización, relacionándolas con procesos asociados como la gentrificación.

 

* Mestre em Arquitectura e Urbanismo pela Escola Superior Gallaecia (2015). Resumo da sua Dissertação de Mestrado, sob a orientação do Professor David Leite Viana.

14.4 - A governação de territórios metropolitanos. Contexto institucional e de planeamento *


por Rui Florentino

Em resposta aos desafios atuais de muitas grandes cidades, o contexto institucional e o planeamento territorial formam dimensões para melhorar a governação metropolitana. No quadro das regiões capitais do sudoeste europeu, quais poderão ser as inovações e diferenças nos seus modelos e processos em curso? Este artigo propõe uma investigação aplicada para apresentar a análise da governação metropolitana. Através do método de estudos de caso em perspectiva comparada, vários elementos e entrevistas são ponderados qualitativamente nas regiões de Madrid, Barcelona, Paris e Lisboa.
As conclusões encontram uma tendência para o equilíbrio entre os esforços dessas duas dimensões da governação territorial metropolitana, não impedindo registrar os seus diferentes percursos: por exemplo Ile-de-France desenvolveu boas iniciativas em matéria de planeamento, que então pedem alguns ajustamentos no quadro político, enquanto Madrid teve “menos actividade” nos últimos anos, em resultado da sua grande estabilidade institucional. A região de Lisboa permanece talvez numa “posição intermédia”, com uma dinâmica de evolução pouco previsível. Mas de acordo com este argumento, admite-se que os seus processos podem levar a melhorias graduais no sistema de governação, com o seu próprio percurso, implementando acções que devem respeitar, em particular, a geografia do território.


* Resumo do artigo publicado no nº 2, vol. 7 (2015) da Revista de Direito da Cidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em co-autoria com o Professor José Miguel Fernández Güell, da Escola de Arquitectura da Universidade Politécnica de Madrid. Link para o artigo: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rdc

Ilustração dos pólos de actividade económica da Área Metropolitana de Lisboa, inserida na proposta de alteração ao Plano Regional de Ordenamento do Território desta região, em 2010.