terça-feira, 27 de dezembro de 2016

CASU 17 - Outono de 2016


Vivemos de memórias. Já na primeira semana de Inverno, mas ainda em 2016, completo a 17ª edição dos CASU. Precisamente para poder recordar facilmente algumas histórias, iniciei há mais de 5 anos estes pequenos textos de arquitectura, espaço público, urbanismo e ordenamento do território. Para além de memórias pessoais que gostamos de guardar e são mesmo isso, pessoais, ou outras de lazer, como a grande conquista de Junho / Julho em França, que aliás me esqueci de assinalar no último editorial, o leitor deste blog sabe que o aqui aparece é o que gira à volta do contexto profissional.
Neste Outono, recebi um inesperado convite para integrar uma das listas que se candidata às próximas eleições da Ordem dos Arquitectos, dia 20 de Janeiro. Foi um telefonema de José Manuel Pedreirinho, que não conhecia pessoalmente, porque um colega, de quem eu também não me lembrava, lhe havia sugerido o meu nome. Tratava-se da lista para o Conselho Directivo Nacional e faltava incluir o perfil de alguém nas áreas do urbanismo e da legislação. Isso ficou na memória, até batia certo, facto que me leva a recordar aqui alguns dos episódios de que me lembro desta nossa casa.
Há cerca de 20 anos, juntei-me a um Grupo de Trabalho de Urbanismo da então AAP / Associação dos Arquitectos Portugueses, com o Jorge Silva, que coordenava, o Luís Grave, de quem me fiz amigo, e o Norberto Correa, entre outros. Era o puto, claro, e lembro-me que a então Presidente da AAP, Olga Quintanilha, nos disse para terminar um relatório nesta época de Natal - Fim de Ano. "É a melhor altura do ano para trabalhar", disse... Uma década depois, por volta disso, estive a suplente do Conselho Nacional de Delegados da lista da Helena Roseta, a convite da Leonor Cintra, e lembro-me que foi nessa altura que o José Mateus, então Vice-Presidente do Conselho Directivo Regional Sul, propôs a criação de uma Trienal de Arquitectura. A então Presidente levantava uma série de dúvidas e a Trienal acabou por não ser uma iniciativa promovida pela Ordem, ainda bem. Hoje, é o sucesso que todos reconhecem.
Embora estando sempre ocasionalmente ligado à autoria de projectos como profissional liberal, os meus amigos sabem que o meu percurso não é dos mais típicos, mas nunca deixei de me relacionar com a Ordem, e também por isso sei de há muito tempo que somos arquitectos de muitas formas. E que hoje já não nos conhecemos todos uns aos outros. A lista A é contudo a única que se apresenta territorialmente organizada, candidatando-se de forma conjunta a todos os órgãos nacionais e regionais. É precisamente aí que se encontra o ponto central da mudança necessária na gestão da OA: a capacidade para melhorar a organização, a sua eficácia e os seus resultados.
Nesta edição, inseri a introdução ao programa que apresentamos, sem especificar as acções concretas, disponíveis no site www.umrumoumaordem.com em três domínios: arquitectos, sociedade e arquitectura. Na área da legislação, onde poderei estar mais envolvido, há muito para rever, principalmente simplificar. Da elaboração de um Código da Reabilitação e do Urbanismo (CRU), que reúna num único diploma todas as leis, os decretos e as portarias que afectam os projectos, passando pelos planos e programas (não gosto da designação Instrumentos de Gestão Territorial), até à legislação de competências no âmbito da aplicação ou eventual necessidade de revisão da lei nº 40/2015. Mas também na promoção de novos eventos abertos à sociedade e a todos os parceiros, bem como na internacionalização dos serviços de arquitectura, uma série de contactos que estabeleci recentemente poderão constituir alavancas de novas oportunidades para os arquitectos portugueses.
O número completa-se com a descrição de duas pequenas acções de formação avançada que me pediram para organizar, que divulgarei mais em detalhe no início de 2017, e um texto que escrevi para o 1º Colóquio Ibérico de Paisagem, que decorrerá em Março na Fundação Calouste Gulbenkian.


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