por José Baganha* e Rui Florentino
No decorrer das últimas décadas,
registou-se uma grande evolução nos indicadores de saúde, fruto do
desenvolvimento económico e da qualificação dos recursos humanos, bem como do
investimento em equipamentos e tecnologias de saúde. No entanto, existem também
hoje mais exigências, em especial perante doenças que decorrem da maior
concentração e do aumento da população urbana, justificando o estudo da relação
entre urbanismo e saúde pública.
O conceito de comunidades
saudáveis encontra raízes na construção das primeiras cidades-jardim, que
procuraram a criação de um ambiente urbano reformador da sociedade industrial
de início do séc. XX. Recentemente, a leitura do “estado da arte” demonstra que
o conceito de desenvolvimento sustentável colocou importantes desafios para as
cidades, onde vive mais de metade da população mundial, sendo hoje consensual
que a progressiva urbanização do território resultou em impactes significativos
para a saúde da população. Contudo, as boas práticas identificadas, já em curso
em alguns países, trazem um sinal de esperança e prova de que, apesar do
crescimento das grandes áreas urbanas, existem modelos adequados à melhoria do ambiente
e da saúde pública.
No contexto europeu, os
exemplos recentes, que revelaram essa possibilidade de criação de ambientes
urbanos saudáveis e a consequente melhoria da qualidade de vida dos cidadãos,
têm sido reconhecidos por organizações como a Prince’s Foundation for Building Community, a Fondation Philippe Rotthier pour l’Architecture ou o Council for European Urbanism, entre
outras, constituindo alguns dos casos mais notáveis a regeneração urbana
promovida pelo município de Plessis Robinson, na periferia de Paris, ou New
Poundbury, em Dorchester, no sul do Reino Unido. Neste artigo apresentam-se
estes 2 casos e procura-se aplicar o conceito de comunidades saudáveis, a
partir do urbanismo, também com base nas actividades da Rede Internacional de
Construção, Arquitectura e Urbanismo Tradicionais, um pouco por todo o mundo,
enquanto projecto que a Associação INTBAU Portugal pretende desenvolver nos
próximos anos.
* Presidente da Direcção da INTBAU Portugal
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