Em termos gerais, pode-se dizer que a mobilidade sustentável é aquela que reduz a dependência do automóvel para as deslocações diárias e potencia a utilização dos modos colectivos e não motorizados. Ora, para tal é inquestionável a necessidade de controlar a expansão urbana, reabilitar a cidade existente e misturar os usos e grupos sociais, como factor de integração, aspectos que passam obviamente pelo ordenamento urbano e territorial. De facto, basta verificar a influência das linhas de transporte público na formação dos preços do imobiliário, para perceber que é essencial a avaliação dos impactes e das externalidades, recíprocos, entre a urbanização e a mobilidade.
Ainda hoje, trata-se de saber "até onde" a sociedade está disposta a fazer chegar o veículo a motor. As boas práticas são o planeamento das actividades urbanas em função "do andar a pé" e comportamentos responsáveis como a partilha dos meios de deslocação, que no seu conjunto contribuem para uma mobilidade mais saudável, com os conseguintes benefícios económicos, sociais e ambientais. O desenho dos espaços de circulação deve assim privilegiar as dimensões humanas, formando áreas pedonais alargadas, junto a percursos para bicicletas ou dedicados aos transportes públicos, em detrimento do espaço destinado ao automóvel particular. Os melhores exemplos demonstram que é possível aumentar a qualidade de vida reduzindo os movimentos pendulares diários.
* Por Rui Florentino. Texto desenvolvido no livro "Manual de Boas Práticas para uma Mobilidade Sustentável", coordenado e editado pela Agência Portuguesa do Ambiente (2010).
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